Conheça a história e os negócios do Facebook, uma das maiores empresas de internet do mundo
O Facebook é hoje não só a maior rede social do mundo, conectando bilhões de pessoas em todos os continentes, mas sim um conglomerado multiplataforma, que integra uma diversidade de aplicações e serviços, que podem ser usados tanto pessoal, quanto profissionalmente.
Dadas as proporções que a empresa tomou e o fato dela ter capital aberto em bolsa de valores (as ações estão listadas na NASDAQ sob o código FB e as BDRs na B3 com código FBOK34), é natural que muitas pessoas queiram comprar ações do Facebook.
A história da empresa apesar de bastante conhecida devido a livros e ao filme “A Rede Social” (Social Network de 2010), que inclusive ganhou 3 Oscars, começa bem antes daquele dormitório em Harvard.
Mark Zuckerberg antes de Harvard
O pai de Mark, Edward Zuckerberg já era um visionário. Dentista, vislumbrava que a programação seria o futuro e colocou o filho para aprender BASIC. Não sei se você sabe, mas foi desenvolvendo versões de BASIC que Bill Gates e Paul Allen começaram a programar para o primeiro computador pessoal, o MITS Altair 8800. Conto essa história no artigo da Microsoft.
Edward queria uma forma da recepcionista chamá-lo sem que precisasse gritar pelo seu nome. Mark, orientado por um professor de informática, desenvolveu a ZuckNet, um comunicador instantâneo, onde o pai poderia “conversar” com a secretária discreta e facilmente.
Mark era tão bom programador que durante o High School desenvolveu um programa chamado Synapse, que usava inteligência artificial para aprender o gosto musical de uma pessoa. Sim, mais de década antes de haver Spotify. Graças a esse programa, ele atraiu a atenção da AOL e da Microsoft. Estávamos no ano 2000 e a internet como conhecemos hoje começava a ganhar forma.
Mark Zuckerberg estudava na prestigiada Phillips Exeter Academy, uma escola de elite dos Estados Unidos, considerada hoje o melhor High School do país e que custa a bagatela de 49 mil dólares de anuidade.
Zuckerberg em Harvard
Tendo sido um dos alunos mais brilhantes de um dos melhores colégios do país, não deveria ter sido surpresa a aprovação de Zuckerberg para fazer a faculdade na Universidade de Harvard. Aqui uma outra surpresa, Mark escolheu fazer um “major” em psicologia, bem como adicionou diversos cursos de programação em seu currículo.
Pode parecer estranho, mas a própria natureza do Facebook tem uma combinação grande de conhecimento sobre a natureza humana do que à princípio podemos pensar. Sabe aquela sensação de bem-estar quando as pessoas curtem as suas postagens? Pois é. O Facebook não seria nada sem isso.
O primeiro projeto de rede social de Mark em Harvard foi o Facemash. Desenvolvido em seu dormitório na universidade, o site vasculhava os sistemas de Harvard, pegava as fotos dos alunos, selecionava duas por vez e apresentava para quem acessava o site. Os alunos assim escolhiam quem era mais atraente. Sim, Mark Zuckerberg já violava a privacidade das pessoas desde o princípio.
Esse site despertou a fúria de alguns alunos e da própria universidade. Mark correu risco de expulsão. Foi obrigado a retirar o site do ar para permanecer em Harvard.
Essa visibilidade atraiu a atenção dos gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss e de Divyia Narendra que estavam desenvolvendo um projeto de rede social chamado Harvard Connection, depois renomeado ConnectU. Mark foi contratado para terminar o site que eles haviam começado.
Zuckerberg gostou da ideia, mas resolveu paralelamente criar o seu próprio site, denominado “thefacebook.com”, que foi lançado em fevereiro de 2004. Nos Estados Unidos, um “Face Book” é um diretório com fotos, nomes e informações básicas dos alunos de uma instituição. Era feito como um livro mesmo e depois dentro de diretórios em redes fechadas de colégios e universidades.
A ideia de criar esse imenso diretório de estudantes foi o que deu o impulso inicial para Mark criar sua própria solução. Para isso ele se uniu ao brasileiro Eduardo Saverin, que foi o primeiro a colocar dinheiro no negócio. Após o lançamento, outros sócios se juntaram. Foram eles Dustin Moskovitz, Andrew McCollum e Chris Hughes. Com o crescimento do site, que já tinha atraído mais da metade dos alunos de Harvard, eles expandiram para alunos de outras universidades.
Ainda em 2004, a empresa se mudou para Palo Alto, na Califórnia e em 2005 mudou o nome para Facebook, como sugerido pelo novo presidente da empresa, Sean Parker, que havia sido co-fundador do Napster. Sean foi o primeiro que viu o potencial do site em se tornar um fenômeno mundial, como o Napster.
Foi nessa época que o Facebook conseguiu seu primeiro grande investimento, 500 mil dólares de Peter Thiel, um dos membros da Máfia do Paypal.
Adeus, Harvard
Em 2005, Zuckerberg abandonou a faculdade. O Facebook já havia recebido alguns milhões de dólares em investimentos e necessitaria dele em período integral.
A partir de setembro de 2006, o Facebook começou a aceitar como usuário qualquer pessoa do mundo, que tivesse mais de 13 anos e uma conta de e-mail. De 12 milhões de usuários ao final de 2006 para 300 milhões ao final de 2009. Durante essa ascensão meteórica, o Facebook foi incluindo diversas funcionalidades como marketplace, chat, mural, a seção “pessoas que você talvez conheça”, etc.
Entre 2008 e 2009, a nova chefe de operações, Sheryl Sandberg, implantou o modelo de anúncios que fez a companhia atingir um fluxo de caixa livre positivo pela primeira vez na história.
Em 2009 também foi o ano em que o Facebook se tornou a maior rede social do mundo, superando o MySpace. No ano seguinte, a empresa se tornou a terceira maior da internet, atrás apenas do Google e da Amazon.
Em 2011, veio o passo mais ousado até então, a compra do Instagram por 1 bilhão de dólares. A companhia ganhava envergadura para o próximo salto.
O IPO
Com a companhia avaliada em 104 bilhões de dólares, as ações do Facebook (NASDAQ:FB) foram lançadas a mercado custando 38 dólares cada. O lançamento das ações foi cercado de polêmica, com acusações de comportamento impróprio dos subescreventes e questões técnicos. Após muitos processos e uma perda enorme de valor de mercado (40 bilhões), ao final daquele ano, a companhia pôde enfim festejar 1 bilhão de usuários registrados.
Já como uma companhia grande e membro da Fortune 500, o Facebook partiu para novas aquisições. Em 2014, foi a vez do WhatsApp por astronômicos 19 bilhões de dólares. Por ser muito mais popular que o Facebook Messenger e ter uma grande quantidade de usuários fora dos Estados Unidos, o WhatsApp era o complemento perfeito para o Facebook.
No mesmo ano, foram gastos 2 bilhões de dólares para comprar a empresa de realidade virtual Oculus VR, bem como empresas menores, cujos produtos se encaixavam dentro do ecossistema que o Facebook estava montando.
Problemas
Conforme a empresa crescia e se tornava uma parte importante da vida das pessoas, os problemas começaram a aparecer. Primeiro foi a disseminação de notícias falsas usadas para atrair tráfego para sites que ganhavam com anúncios. Depois foi o escândalo da Cambridge Analytica em 2018 que abalou a credibilidade da empresa. Quem usasse o aplicativo “This is your Digital Life” entregava todas as suas informações pessoais e as de seus amigos para terceiros.
Zuckerberg terminou tendo que se explicar no Congresso americano e ainda foi multado no Reino Unido. Essas preocupações com a privacidade e dados pessoais levaram muitas pessoas a abandonar a rede social.
Em meio a tudo isso, a companhia aplicou diversas mudanças de algoritmo que por vezes agradava ou irritava pessoas e companhias que usavam a rede.
O fato é que mesmo com essas questões espinhosas, o Facebook continuou crescendo sua enorme base de usuários e hoje metade das pessoas com acesso à internet tem uma conta na plataforma:
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Competição
Hoje o Facebook sofre competição de sites e aplicativos móveis mais especializados. O Snapchat até foi sondado para aquisição, mas seus fundadores decidiram manter a empresa independente. É o aplicativo social preferidos dos adolescentes americanos. Também competem pela atenção e tempo dos usuários, o YouTube, o Twitter e o mais novo fenômeno do pedaço, o TikTok.
Facebook hoje
As métricas mais importantes para acompanhar o Facebook são:
- Número total de usuários registrados
- Número de usuários ativos diariamente
- Número de usuários ativos mensalmente
- Receita média por usuário
Todas elas vem em constante crescimento nos últimos anos. Em termo de receita, veja a importância do público dos Estados e Canadá para a companhia:

Entre 98 e 99% da receita do Facebook vem de anúncios publicados em suas plataformas.
As demais métricas de receita por ação (vermelho) e lucro por ação (verde) estão abaixo no gráfico juntamente com a cotação da ação (em azul).
Conclusão
O negócio do Facebook é manter as pessoas usando suas plataformas, seja para compartilhar informações pessoais, relacionar-se com outras pessoas ou consumir conteúdo de terceiros. É a audiência e o tempo gasto em seus sites que trazem valor para os anunciantes. Junte-se a isto o número de informações que o Facebook coleta de cada usuário, incluindo dados pessoais, como idade, renda, localização, interesses e as ferramentas de anúncio são capazes de atingir um público bem mais específico e com métricas de resultados mais precisas do que os veículos tradicionais, como rádio e TV.
Assim como as demais empresas de internet, o Facebook funciona como plataforma por meio das quais pessoas e empresa se conectam. Esse modelo usado como veículo de anúncios tem se mostrado bastante eficiente, pois cada vez mais as empresas tem buscado a eficiência deste tipo de marketing.
As questões regulatórias e as medidas de proteção à privacidade, bem como os concorrentes que lutam pela atenção dos usuários, são os desafios que a empresa terá pela frente.
Para quem quiser investir nas ações do Facebook, tudo isso deve ser levado em conta, além é claro de saber se as pessoas continuarão usando seu tempo em redes sociais nos próximos anos como usaram nestes 16 anos desde a criação do site a partir do dormitório de Mark Zuckerberg.
Este post tem 6 comentários
Eu não tenho contas no Facebook, desde o começo sempre acreditei que o Facebook seria a maior arma de espionagem já criada pelos USA junto com os celulares da Apple.
Olá Eder,
Eu também tenho usado muito menos do que já usei e tirei todas as fotos pessoais que compartilhava.
Mesmo que eu e muitas pessoas estejamos usando menos a plataforma, os números não mentem e o Facebook continua muito popular no mundo.
Abçs!
Muito bom o artigo! Você como sempre Raphael nos informando de maneira magistral… Parabéns!!! Muito obrigada por mais uma vez enriquecer os meus conhecimentos! Gratidão!
Olá Grasiane,
Obrigado por comentar.
Abçs!
Gostei do modelo de postagem. Aguardo outras empresas rs.
Olá Engenheiro,
Obrigado por comentar.
Abçs!