Renda Fixa

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Como investir em renda fixa no exterior: tudo que você precisa saber

O mercado mundial de renda fixa (Fixed Income) é gigantesco. Há oportunidades de investimento para todo tipo de investidor, dos mais conservadores aos mais agressivos. Saber sobre cada uma delas é fundamental para você ter sucesso em seus investimentos internacionais.

Os investimentos em renda fixa se caracterizam em geral pela compra de um título ou investimento em um banco por prazo estabelecido e taxa de juros remuneratória definida no momento da aplicação. O raciocínio é o mesmo dos investimentos em renda fixa no Brasil.

Os títulos de dívida, seja de empresas ou governos, são chamados Bonds e são o tipo de investimento em renda fixa mais conhecido no exterior.  É algo como os CDBs dos bancos ou as debêntures das demais empresas brasileiras. Nessa categoria também se enquadram fundos mútuos de Bonds, Bond-ETFs, CDs, savings accounts, term deposits e fundos Money-Market.

Você vai agora aprender mais sobre cada investimento de renda fixa no exterior e no final assistirá um vídeo que mostrará de forma ilustrativa cada característica dos Bonds.

Como os Bonds funcionam?

Ao comprar os Bonds de uma empresa ou governo, seja diretamente dele ou de outro investidor no mercado secundário, você se torna credor de quem emitiu o título. Assim sendo, ele passa a ter uma dívida com você, prometendo devolver o valor dos títulos acrescido de juros. Mais especificamente, os bonds se caracterizam pelo pagamento de juros periódicos e devolução do principal no dia do vencimento.

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Também há títulos que não pagam cupons (zero-coupon bonds), sendo assim negociados a um desconto em relação ao valor de face e com esse valor sendo pago no vencimento. É possível ainda negociar os títulos no mercado secundário. A liquidez dependendo do emissor é alta, comparada com a liquidez do mercado de debêntures no Brasil. Nesse caso, os ganhos podem ser maiores ou menores, dependendo da habilidade do investidor em operar no mercado de juros e se o título está sendo negociado acima ou abaixo do seu valor de face.

No caso de títulos de dívida emitidos por empresas, eles são chamados de Corporate bonds. São divididos em Investment grade bonds e High yield bonds. Os primeiros são títulos de dívida das empresas com menor risco de crédito, chamado grau de investimento, quando analisados pelas agências internacionais e desta forma pagam juros em geral menores. No segundo caso, os juros pagos são maiores, pois são empresas não possuidoras do grau de investimento e por isso o risco desses títulos também é maior.

É possível perceber assim que a maior preocupação do investidor de Bonds é com o pagamento dessa divída, por isso ele precisa ficar de olho no fluxo de caixa do emissor. Ao contrário do investidor em ações que está preocupado com o lucro (bottom-line) da empresa, o investidor de Bonds precisa que a empresa tenha muita receita e geração de caixa (top-line), além de um fluxo de caixa livre positivo, para quitar suas dívidas futuras.

No caso de títulos dos governos, são conhecidos como Sovereign Debt Bonds, ou títulos de risco soberano. Há países detentores do grau de investimento, como Estados Unidos, Canadá, Suíça, Cingapura e outros não, como Portugal, Grécia, Nigéria, Paraguai e mesmo o Brasil. Da mesma forma que os títulos corporativos, quanto maior o risco, maiores as taxas de juros.

De maneira geral, os tipos de emissores podem ser definidos assim:

  • Supranacionais: Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento
  • Governamentais: como por exemplo os governos da França, Noruega e Alemanha
  • Municipais: como por exemplo a cidade de Nova Iorque ou Londres
  • Corporativos: como a Apple, Volkswagen, ou AliBaba
  • Bancos: como o Credit Suisse e o Citibank

Algumas definições importantes a respeito dos Bonds que você deve conhecer:

Total emitido (Issued Amount): é o valor total de títulos emitidos correspondente àquela dívida. Em geral, esse valor fica entre 250 e 750 milhões de Dólares Americanos ou Euros.

Valor de face (Denomination): é o valor do título quando do seu lançamento no mercado. A partir daí, o  título pode ser negociado acima ou abaixo desse valor, dependendo das codições do mercado e da empresa. Os Bonds mais acessíveis aos pequenos investidores possuem valor de face de U$ 1 mil, U$ 2 mil ou U$ 5 mil mais comumente.

Cupom (Coupon): é a porcentagem paga periodicamente ao detentor do título em relação ao valor de face do mesmo. O mais comum é o cupom ser fixo (2,5% por exemplo), mas há ainda aqueles com juros variáveis (floating rate). Em geral esse pagamento é trimestral, semestral ou anual.

Preço (Last Price): é o preço da última negociação do título. Em geral, quando os juros da economia sobem, o preço dos títulos caem e vice-versa. O preço dos títulos costuma cair também quando aumenta a percepção de risco em relação ao emissor. É o que tem acontecido com os títulos em Dólar Americano da Petrobras e demais empresas envolvidas em escândalos de corrupção.

Vencimento (Maturity): é o último dia de vida do título. É quando a empresa deve devolver o valor de face do título para cada investidor.

Juros até o vencimento (Yield to Maturity): é a quantidade de juros que o investidor receberá se mantiver o título até a data de vencimento. Ele contabiliza os pagamentos de cupom, acrescidos ou subtraídos da diferença de preço entre aquele do dia que o título foi comprado e o valor de face original. Se o título for comprado abaixo do valor de face, os juros serão maiores que o cupom, pois o investidor receberá o valor de face no dia do vencimento. Caso seja comprado acima do valor de face o investidor receberá um valor menor do que pagou quando do vencimento do mesmo.

Duração (Duration): é uma medida de sensibilidade de preço do título em função das mudanças nas taxas de juros medida em anos. Mostra a volatilidade do preço desse título em caso de variação positiva ou negativa nas taxas de juros. Quanto maior a duração, mais sensível é o preço do título em relação a essas mudanças. A duração é tanto maior quanto mais longe estiver o vencimento do título.

Investir em Renda FixaJuros acumulados (Accrued Interest): ao comprar um Bond, o investidor deve pagar ao vendedor os juros que foram acumulados nos dias desde o último pagamento de cupom. Assim, o comprador receberá os juros de volta no próximo pagamento de cupom, bem como do período restante em que ele manteve a posse do título.

Ao contrário das ações, o mais comum são os Bonds serem negociados no mercado OTC (Over The Counter), fora do ambiente de Bolsa de Valores. É feito diretamente entre bancos e corretoras. Para seu banker identificar o título basta passar o número ISIN dele, que é um número de identificação único, capaz de identificar qualquer ativo negociável no mundo. Alguns títulos são negociados em lotes grandes de 50 ou 100 mil Dólares Americanos, mas é possível comprar poucas unidades como 1 ou 2 títulos também em diversos casos.

Quando você emite uma ordem de compra ou venda de um Bond, você escolhe o preço em razão da porcentagem que ele representa em relação ao valor de face. Um exemplo, seria um título cujo valor de face é de 1.000 Dólares Americanos que você desejasse comprar por 900 Dólares. Desta forma, você emite uma ordem de compra do título a 90%. Para saber quanto irá gastar com a compra do título deve-se somar ainda a corretagem e os juros acumulados.

Uma ferramenta interessante que você pode usar para calcular os juros de um título, é a calculadora disponível no site da corretora americana Fidelity. Você coloca os dados e ela calcula os juros que você receberá por aquele título.

Atualmente todas as aplicações e títulos são digitais, mas antigamente o proprietário de um Bond guardava algo assim:

Bond

O  Título principal era apresentado para ser resgatado no dia do vencimento e os cupons abaixo era recortados e usados para receber os pagamentos periódicos de juros. Mesmo não tendo papel hoje, o termo cupom permanece sendo usado.

Outras formas de investir em Bonds

A forma mais prática de investir nesses títulos é através de ETFs. São fundos negociados nas bolsas de valores como se fossem ações, mas no caso dos ETFs de renda fixa  se tratam de uma seleção de títulos de diversas origens, o que ajuda na diversificação. Podem ser compostos de títulos de apenas um país (Single country), de títulos apenas de países desenvolvidos (Developed markets), títulos de países emergentes (Emerging markets), títulos denominados apenas em Dólar Americano (U$) ou Euro (), ou um apanhado de títulos de diversas origens (Aggregate). Também é possível escolher ETFs com títulos de curto (Short-term), médio (Medium-Term) e longo prazos (Long-term) ou com prazos definidos (2018, 2019, 2020, etc).

Os ETFs distribuem os juros recebidos aos seus cotistas de acordo com as regras do gestor, em geral sendo trimestrais ou semestrais. A distribuição de dividendos por parte dos ETFs pode não bater exatamente com os cupons distribuídos pelos títulos que os compõem, pois há custos a se pagar e também reinvestimento desses cupons. Cabe ao investidor ver as características de cada ETF para saber como ele é gerido e qual é o mais adequado para seus objetivos.

É possível também comprar títulos individuais. Entretanto o valor mínimo para investir seria entre 1.000 e 200 mil Dólares Americanos ou Euros, dependendo do título, enquanto nos ETFs é possível investir quantias menores que 500 dólares. Por outro lado, o investidor pode escolher exatamente qual título comprar, com vencimento e o meses de pagamento de cupons já definidos.

Os fundos de Bonds (Bond mutual funds) podem ajudar também na diversificação, já que com uma aplicação a partir de 2.500 dólares, o investidor terá uma variedade de títulos escolhidos pelo gestor. A rentabilidade varia, já que os vencimentos e taxas de juros dos títulos vão depender do critério de quem administra o fundo. Além disso, está sujeito a variações de preço no mercado secundário e da habilidade do gestor em comprar e vender títulos. O ponto negativo é que as taxas de administração dos fundos são maiores que a dos ETFs.

Outros investimentos de Renda Fixa

Os CDs, certificados de depósito são outra opção para investir em renda fixa. Nos EUA possuem garantia da FIDC, que proporciona garantia de devolução do principal investido até um certo limite. O pagamento dos juros também varia, podendo ser mensal, semestral ou anual. O principal é devolvido ao final do período.

Fundos Money-Market  são fundos cujo objetivo principal é a preservação de capital. Investem em títulos de baixo risco e de curtíssimo prazo, em geral abaixo de 1 ano. Com isso sua rentabilidade é baixa, mas os riscos também são pequenos.

Há também a possibilidade de se investir em contas do tipo poupança (Savings account), que são contas remuneradas. Os juros variam de conta pra conta, de banco pra banco e de moeda pra moeda. Os depósitos à prazo (Term Deposit) também são aplicações com juros e prazo definidos e que são oferecidos pelas instituições bancárias de diversos países.

Conclusão

Dessa forma, existe um universo enorme de aplicações de renda fixa no mercado global, inclusive o governo do Brasil e as empresas brasileiras também costumam emitir títulos em Dólar e Euro principalmente e os juros são melhores do que aqueles emitidos por empresas ou governos dos países desenvolvidos.

Para você se tornar um investidor global é necessário conhecer esses instrumentos, pois são componentes importantes tanto para quem buscar renda, quanto para quem almeja controlar o risco de seus investimentos.

Montar uma carteira de títulos de renda fixa no exterior com prazos e emissores variados é um passo fundamental para o investidor que queria verdadeiramente diversificar seus investimentos pelo mundo.

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